Escravos do pecado
Pecar é destruir o próprio ser e caminhar para o nada
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São palavras fortíssimas, pois mostram que não há
nada pior do que o pecado. Por outro lado, o Catecismo afirma que ele é uma
realidade: “O pecado está presente na história dos homens: seria inútil tentar
ignorá-lo ou dar a esta realidade obscura outros nomes” (CIC, §386).
Deus disse a Santa Catarina de Sena, em 'O
Diálogo':
”O pecado priva o homem de Mim, Sumo Bem,
ao tirar-lhe a graça”. São Paulo, numa frase lapidar, explica toda a hediondez
do pecado e razão de todos os sofrimentos deste mundo: “O salário do pecado é a
morte” (Rom 6,23).
Tudo o que há de mal na história do homem e do mundo é consequência do pecado que
começou com Adão. “Por meio de um só homem, o pecado entrou no mundo e, pelo
pecado, a morte, e assim a morte passou a todos os homens, porque todos
pecaram” (Rom 5,12). O Catecismo ensina que: “A morte corporal, à qual o homem
teria sido subtraído se não tivesse pecado (GS,18), é assim o último inimigo do
homem a ser vencido” (1Cor 15, 26).
Santo Agostinho dizia que: "É desígnio de
Deus que toda alma desregrada seja para si mesma o seu castigo”, e
acrescentava: “O homem se faz réu do pecado no mesmo momento em que decide
cometê-lo.” Sintetizava tudo dizendo que “pecar é destruir o próprio ser e
caminhar para o nada”. Ele dizia de si mesmo nas confissões: “Eu pecava, porque
em vez de procurar em Deus os prazeres, as grandezas e as verdades,
procurava-os nas suas criaturas: em mim e nos outros. Por isso precipitava-me
na dor, na confusão e no erro.”
Assista: http://www.webtvcn.com/video/homilia_19_10/p/&web2009&palestras_peroger&
Toda a razão de ser da Encarnação do Verbo foi
para destruir, na sua carne, a escravidão do pecado. “Como imperou o pecado na
morte, assim também imperou a graça por meio da justiça, para a vida eterna,
através de Jesus Cristo, nosso Senhor”. (Rom 5,21)
O demônio escraviza a humanidade com a corrente do
pecado, mas Jesus vem exatamente para quebrá-la. São João deixa bem claro na
sua carta: “Sabeis que Ele se manifestou para tirar os pecados” (1Jo 3,5).
“Para isto é que o Filho de Deus se manifestou, para destruir as obras do
diabo” (1 Jo 3,8). Essa “obra do diabo” é exatamente o pecado, que nos separa
da intimidade e da comunhão com Deus e nos rouba a vida bem-aventurada.
Com a Sua Morte e Ressurreição triunfante, Jesus nos libertou das cadeias do pecado e, por
Sua graça, podemos agora viver uma nova vida. É o que São Paulo nos ensina na Carta
aos Colossenses: “Se, pois, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do
alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus” (Col 3,1). Aos romanos ele
garante: “Já não pesa mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A
Lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da
morte” (Rom 8,1).
Aos gálatas o apóstolo diz: “É para a
liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes, portanto, e não vos
deixeis prender de novo ao jugo da escravidão” (Gal 5,1). A vitória
contra o pecado custou a vida do Cordeiro de Deus. São João Batista, o
precursor, aquele que foi encarregado por Deus para apresentar ao mundo o Seu
Filho, podia fazê-lo de muitas formas: “Ele é o Filho de Deus”, ou, “Ele é o
esperado das nações”, como diziam; ou ainda: “Ele é o Santo de Israel”, ou quem
sabe: “Eis aqui o mais belo dos filhos dos homens”, etc.; mas, em vez de usar
essas expressões que designavam o Messias que haveria de vir, João preferiu
dizer: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).
Aqueles que querem dar outro sentido à vida de
Jesus, que não o d'Aquele que “tira o pecado do mundo”, esvaziam
a Sua Pessoa, a Sua missão e a missão da Igreja. A partir daí, a fé é esvaziada
e toda a “sã doutrina” (1Tm4,6) é pervertida. Eis o perigo da “teologia da
libertação”, que exigiu a intervenção direta da Santa Sé e do próprio Papa João
Paulo II, pois, na sua essência, esta “teologia” substitui o Cristo Redentor do
pecado por um Cristo apenas libertador dos males sociais e terrenos,
reinterpreta o Evangelho e o Cristianismo dentro de uma exegese e de uma
hermenêutica que não é aceita pelo Magistério da Igreja.
Assim como a missão de Cristo foi libertar o homem
do pecado, a missão da Igreja, que é o Seu Corpo místico, a Sua continuação na
história, é também a de libertar a humanidade do pecado e levá-la à
santificação. Fora disso, a Igreja se esvazia e não cumpre a missão dada pelo
Senhor. "Jesus" quer dizer, em hebraico, “Deus salva”. Salva dos
pecados e da morte. Na anunciação, o anjo disse a Maria: "… lhe porás o nome
de Jesus" (Lc 1,31).
A José, o mesmo anjo disse: “Ela dará à luz um
filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus
pecados” (Mt 1,21). A salvação se dá pelo perdão dos pecados; e já que “só Deus
pode perdoar os pecados” (Mc 2, 7), Ele enviou o Seu Filho para salvar o Seu
povo dos pecados. “Foi Ele quem nos amou e nos enviou Seu Filho como vítima de
expiação pelos nossos pecados” (1Jo 4,10). “Este apareceu para tirar os pecados
“ (1Jo 3,5).
Isto mostra que a grande missão de Jesus era, de fato, “tirar o pecado do mundo”, e
Ele não teve dúvida de chegar até a morte trágica para isto. Agora, Vivo e
Ressuscitado, Vencedor do pecado e da morte, pelo ministério da Igreja, dá o
perdão a todos os homens. Jesus disse aos apóstolos na Última Ceia: “Se me
amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15). Guardar os
mandamentos é a prova do amor por Jesus. Quem obedece aos Seus mandamentos,
foge do pecado.
O grande São Basílio Magno (329-379), bispo e
doutor da Igreja, ensina, em seus escritos, que há três formas de amar a Deus:
a primeira é como o mercenário, que espera a retribuição; a segunda, é como
escravo que obedece, por medo do chicote, o castigo de Deus; e o terceiro é o
amor filial, daquele que obedece, porque, de fato, ama o Pai. É assim que
devemos amar o Senhor; e, a melhor forma de amá-Lo é repudiando todo mal.
Os Dez Mandamentos são a salvaguarda contra o
pecado. Por isso, o primeiro compromisso de quem almeja a santidade deve ser o
compromisso de viver, na íntegra, os mandamentos. Diante da gravidade do pecado,
o autor da Carta aos Hebreus chega a dizer aos cristãos: “Ainda não resististes
até ao sangue na luta contra o pecado” (Hb 12,4). Nesta luta, justifica-se
chegar até ao sangue, se for preciso, como Jesus o fez.
Fonte: www.cancaonova.com
Comunicador: Jair Junior